Talvez pareça melodramático, mas a intenção não é essa. Gostaríamos muito de retratar o rio como sendo um berço de vida e prosperidade e beleza. Acontece que o desenvolvimento industrial do Maranhão não deu a devida atenção no que diz respeito à presevação do rio que é a principal fonte de abstecimanto de água potável do estado. O estrago a cada dia se agrava e nada é pensado no sentido de solucionar este problema que compromete o futuro de um estado cujos índices sociais não são de nos encher de orgulho. |
O rio Itapecuru até o inicio do século
XX foi a principal via de escoamento da produção do
estado do Maranhão. Por ser um dos principais canais de
transporte de produtos do interior até a capital, sua
importância a nível estadual era grande. O rio só veio
perder esta função após a construção da estrada de
ferro São Luís - Terezina nos anos vinte do século
passado e com o asfaltamento da BR-316 na década de
sessenta daquele século. A navegação a vapor estendia-se de São Luís até Caxias. Daí por diante (trecho de pequenas corredeiras) a navegação se fazia de lanchas até Colinas. Com o passar do tempo a navegabilidade tornou-se prejudicada pela formação de bancos de areia, resultante do assoreamento que obstruía os principais canais, dificultando a passagem de embarcações de médio porte, especificamente no período de estiagem ou baixa-mar.
Manifesto SOS
Itapecuru A Companhia de Águas e Esgoto do Maranhão - CAEMA, sem estudos consistentes e sem ouvir nenhum dos municípios integrantes da Bacia, nem as Prefeituras, nem as Câmaras Municipais e nem os cidadãos ribeirinhos, em flagrante desrespeito às Leis Ambientais e às Leis Orgânicas Municipais, decidiu que a única forma de viabilizar-se para o futuro é quadruplicar a captação de água do Rio Itapecuru e ofertar o produto, prioritariamente, para uso de indústrias que estão ávidas para se instalarem nas proximidades do Complexo Portuário do Itaqui. Esta ação agravará a situação já precária do Rio, de Rosário até Mirador, e trará conseqüências catastróficas para os municípios da Ilha de São Luís. A Implantação de indústrias poluentes na Ilha, na qual se encontra localizada a cidade de São Luís, patrimônio cultural da humanidade, com capacidade de geração de riquezas permanentes com o uso da dimensão cultural, apresenta-se como uma imensa contradição que a história já provou ser verdadeira. As grandes indústrias que se instalaram em São Luís, todas elas beneficiadas com generosos incentivos pagos pela sociedade brasileira, não tiveram a sensibilidade para destinar parte de seus lucros pelo menos para amenizar os graves impactos negativos que têm causado à Ilha. A miséria e a pobreza aumentaram; os empregos são em número reduzidos pela automação e, geralmente, destinados a candidatos de outros Estados, com maior qualificação; os derramamentos de óleos na Baia de São Marcos são rotineiros e, com isso, sofrem os mangues e seus residentes naturais - caranguejos, peixes, sururus, camarões e, principalmente, as famílias pobres que sempre tiveram nos mariscos a garantia da sobrevivência. A Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão - CAEMA já retira do Rio Itapecuru, desde 1983, um volume de água que tem modificado sobremaneira as suas condições geoambientais. Vários estuários e córregos já desapareceram. Há locais, antes navegáveis, que hoje já se atravessa a pé.Os peixes, antes existentes em abundância, atualmente são raros e de pouca diversidade. As marés, pela diminuição da lâmina d´água, cada vez mais avançam rio acima comprometendo, inclusive, a utilização de água para consumo humano. A Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão - CAEMA nunca alocou um centavo da receita advinda com a venda da água do Rio Itapecuru para atividades de preservação ou conservação da Bacia Hidrográfica, nem se empenhou para que recursos conseguidos da Comunidade Européia, a fundo perdido, fossem aplicados pelo menos para impedir os impactos na região onde nasce o rio. A atual diretoria da Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão - CAEMA, está sendo extremamente competente na função de tentar enganar a todos, talvez instruída por grupos empresariais que desejam o controle da empresa, através do processo de privatização, mas querem receber uma Empresa que possa gerar milhões de dólares anualmente, não fornecendo água para as periferias pobres de São Luís, e sim para grandes conglomerados industriais. Conseguiu enganar o Governo Federal, que recentemente, lançou um programa de preservação dos rios brasileiros, fazendo-o alocar no Orçamento Geral da União R$ 300 milhões para uma obra que tem sentido inverso, condenará a morte o principal rio do Estado do Maranhão. Conseguiu
enganar, com toda eloqüência de quem quer viabilizar
uma empresa falida a qualquer custo, a Governadora e
alguns de seus Gerentes Gerais, tanto é que a Gerência
Adjunta de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - GAMA,
expediu um documento de licenciamento da obra, a ser
executada pela OAS, empresa ligada ao senador baiano
Antonio Carlos Magalhães, cuja licitação está sob
suspeita e com ação impetrada junto a Justiça, uma
semana após este Fórum ter ingressado com uma
representação junto a Promotoria do Meio Ambiente,
nesta capital; tentou enganar a sociedade maranhense com
estudos insuficientes, realizados somente na área de
captação, com dados desatualizados e sem envolver
nenhum município a partir de Rosário, que são os que
mais têm sofrido com a depredação do Rio Itapecuru,
convocando uma audiência pública para véspera do
carnaval e sem notificar nenhum prefeito, nenhum
vereador, nenhum Gerente Regional da Bacia e nenhuma das
inúmeras organizações de defesa do rio existentes nas
cidades às margens do Itapecuru. Se existem R$ 300 milhões disponíveis por que não usá-los para recuperação e conservação dos rios maranhenses, começando pelos rios da própria Ilha de São Luís? Por que não usá-los para um grande programa de Educação Ambiental? Por que não usá-lo para a recomposição das matas ciliares; Por que não usá-lo para a preservação da vida e não a apressar a morte de um rio que já agoniza e agravar a situação de desigualdade vigente no Estado. |
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O Fórum
Maranhense das Organizações da Sociedade Civil,
através das Entidades que o criaram e pelas adesões que
vem recebendo de outras organizações e Instituições
dos municípios envolvidos lutará contra esse crime
premeditado e conta, ainda, com a esperança de que as
autoridades públicas envolvidas possam ajudar a reverter
o atual quadro que é o de executar o projeto a qualquer
custo, desrespeitando as leis e os direitos da cidadania. São Luís, 30 de abril de 2001. (Fonte: http://www.amavida.org.br/diversos/tratado_itapecuru.htm) Envie seus textos: amavida@amavida.org.br |
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